AGUARDENTE TRAVESSA DO VIMEIRÃO
José Manuel Elias
MARMELETE
967 066 967
37°18’39.93”N 8°40’9.92”W
José Manuel Elias destila medronho há mais de trinta anos, mas reconhece que depois deste tempo todo às vezes a aguardente ainda não lhe sai bem, ou pelo menos não tão bem quanto gostaria. E isso porque a natureza, por mais rigorosos que sejam os homens, tem sempre uma palavra a dizer. Se há anos em que chove na quantidade e no tempo certos e o fruto nasce com o ponto de doçura exacto, outros há que são mais secos e que por isso geram frutos também eles mais enxutos e sensaborões. É nessas alturas que a bebida que pinga no cântaro do destilador não é tanta e tão macia quanto desejaria. Mas fora este indomável detalhe, José Elias controla todo o processo de forma metódica e dedicada.
Na Travessa do Vimeirão, entre cada “caldeirada”, o cobre do tacho e da respectiva cabeça do alambique, assim como o cácere usado para tirar as borras da caldeira, muito bem lavados para não contaminarem o sabor da bebida. Só há uma pausa na disciplina quando, a aguardente começa a perder a força. Aí José Elias troca a vasilha da aguardente boa pelo cântaro da frouxa e nas horas que se seguem faz rodar entre vizinhos e amigos copinhos cheios do seu medronho.